domingo, 19 de julho de 2009

SAUDADE


Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos
saudades de todas as conversas jogadas fora,
as descobertas que fizemos,
dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia,
das vésperas de finais de semana,
de finais de ano,
enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino,
ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez
continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens...
Aí os dias vão passar, meses... anos...
até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos
verão aquelas fotografias e perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... Que eram nossos amigos.
E... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi
os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
nos reuniremos para um último adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado
para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:
não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!

Autor - Fernando Pessoa

terça-feira, 7 de julho de 2009

O Bordado


Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto dela, e sempre lhe perguntava o que estava fazendo. Respondia que estava bordando. Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu
trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada e repetia:

- Mãe, o que a senhora está fazendo? Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós, e fios de cores
diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos. Eu não entendia nada. Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:

- Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu chamo você e o coloco sentado em meu colo. Deixarei que veja o trabalho da minha posição. Porém, eu continuava a me perguntar lá de baixo:

- Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outros claros?
- Por que me pareciam tão desordenados e embaraçados?
- Por que estavam cheios de pontas e nós?
- Por que não tinham ainda uma forma definida?
- Por que demorava tanto para fazer aquilo?

Um dia, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou:

- Filho, venha aqui e sente em meu colo. Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso! E de cima vi uma paisagem maravilhosa! Então minha mãe me disse:

- Filho, de baixo parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo.

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito:

- Pai, o que estás fazendo? Ele parece responder:

- Estou bordando a sua vida, filho. E eu continuo perguntando:

- Mas está tudo tão confuso... Pai, tudo em desordem. Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. O Pai parece me dizer:

- Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim e... Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e então vai ver o plano da sua vida da minha posição.

Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida!

Do outro lado, Deus está bordando...

Em novembro de 2002, o autor escreveu esta maravilhosa mensagem - Prof. Damásio de Jesus, um dos maiores tratadistas do Direito Penal Brasileiro, com incontáveis publicações na área Processual... Nos faz pensar, não?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Estresse


O estresse pode afetar o organismo de diversas formas e seus sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Existe uma sensibilidade pessoal que reage quando enfrentamos um problema, e essa particularidade explica como lidamos com situações desafiadoras, decidindo enfrentá-las ou não.

Não são só situações ruins que nos deixam estressados. Todas as grandes mudanças que passamos na vida são situações estressantes, mesmo se elas forem boas e que esteja nos fazendo felizes.

A necessidade de ajuste deixa o organismo preparado para "lutar ou fugir", aumentando a pressão arterial e e frequência cardíaca, e contraindo músculos e vasos sanguíneos. Na natureza esta adaptação é necessária visto que o animal precisa tomar uma decisão rápida de defesa ou ataque, mas em se tratando de seres humanos que convivem com diversas situações estressantes, esta reação pode ser prejudicial.

O excesso de estresse pode causar desde dores pelo corpo e queda de cabelo até sintomas sérios como hipertensão e problemas no coração.
O fato de um evento emocional como o estresse afetar o organismo se deve ao íntimo relacionamento entre o sistema imunológico (defesa), sistema nervoso (controle) e sistema endócrino (hormonal). Por isso um estresse intenso pode afetar qualquer um desses sistemas levando à diversidade dos sintomas do estresse.

Segundo Fernando Fischer, cérebro estressado age como se estivesse em perigo, ordenando ao corpo que ele tem de se reabastecer de energia e comer. O que talvez poucos saibam é que ele também tem a sua responsabilidade no aumento dos ponteiros da balança. O corpo responde a ele – seja estresse físico ou seja estresse psicológico.

Cada vez que você tem um dia complicado, o cérebro age como se você estivesse em perigo e ordena às células do corpo para liberar potentes hormônios, entre eles a adrenalina e o cortisol, que dizem ao organismo que ele deve se reabastecer de energia, fazendo-o ter fome, muita fome. A liberação de cortisol continua até que as coisas se acalmem. O problema é que são poucos aqueles que usam e abusam das cenouras e barrinhas e acabam optando doces e comidas ricas em gordura porque elas estimulam o cérebro a liberar substâncias químicas ligadas ao prazer, que reduzem a tensão.

O hormônio também encoraja o corpo a estocar gordura, especialmente a do tipo visceral, perigosa porque circunda órgãos vitais e libera ácidos graxos ao sangue, elevando os níveis de colesterol e abrindo caminho para as doenças do coração e o diabetes.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

FELICIDADE!!!


O texto abaixo foi escrito por Aristóteles no ano 360 A.C. Alguém duvida da sabedoria deste filósofo???

"Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua Paz, sua vida nas mãos de ninguém, a absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.

A razão da sua vida é você mesmo. A sua Paz interior é a sua meta de vida, quando sentir um vazio na alma, quando acreditar que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remeta seu pensamento para os seus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você.

Pare de colocar sua felicidade, cada dia mais distante de você. Não coloque o objetivo longe demais de suas mãos, abrace os que estão ao seu alcance hoje.

Se está desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busque em seu interior a resposta para acalmar-se, você é reflexo do que pensa diariamente.

Pare de pensar mal de você mesmo, e seja seu melhor amigo(a) sempre.

Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar.

Então abra um sorriso para aprovar ao mundo que lhe quer oferecer o melhor.

Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará afirmando para você mesmo que está 'pronto' para ser feliz.

Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda.

Critique menos, trabalhe mais.
E, não se esqueça nunca de agradecer. Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento, inclusive a dor.

Nossa compreensão do universo, ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida.

A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

quarta-feira, 27 de maio de 2009

MITOS


Milenarmente, o homem tem medo de muitas coisas. Teme a morte, a solidão, a doença, a injustiça, a miséria e as ameaças metafísicas. A adoção do culto aos mitos, revela historicamente, que antes da sistematização das religiões e das crenças, o homem dissipou, pelos mitos e pela utopia, a soma de seus medos. O ser humano, por conta de sua finitude e limitação, muitas vezes tem medo de viver, e por conta disto sempre buscou cultuar a memória de heróis ou inventar sagas de semideuses, demiurgos e guerreiros, vencedores das dificuldades, das ameaças da natureza, dos confrontos com os seres (naturais ou sobrenaturais) bem como do maior temor, que é a morte. O medo de viver empurra-o ao mito.

Quem viaja pela Grécia sente pulular, como legendas vivas os inúmeros mitos que por lá surgiram e que povoam o imaginário humano do mundo inteiro, até hoje. Os antigos poetas helênicos aconselhavam os visitantes: "Viva seu mito na Grécia". A partir da introdução do mito, como um assessório da vida, a pessoa é convidada a ver mais, fazer mais e ser mais. Nisso consiste o ideal humano na busca da felicidade.

Ao criar os mitos, o ser humano projeta nessas fantasias a idealização para a sua condição física, assolada pela vulnerabilidade. A criação de ídolos populares, atletas, artistas, intelectuais, ganhadores de concursos de beleza ou de força física, ou mesmo pessoas de destaque público, revela que o ser humano projeta no outro as habilidades e qualidades que ele não possui ou se acha impossibilitado de atingir. A mitologia, a partir da grega, enfatizava o contraste entre as fraquezas dos seres humanos e as grandes e aterradoras forças da natureza. Os povos da Antigüidade reconheciam que suas vidas dependiam completamente da vontade dos deuses. O reconhecimento de que suas vidas dependiam dos deuses, mais tarde daria lugar às crenças e às religiões.

O mito sempre aponta para uma fantasia capaz de minimizar as fraquezas humanas. Cultuamos o mito e seus semideuses para estabelecer uma antítese à nossa fragilidade. Homero afirma, em sua Odisséia que "você não sentirá a força do mito, na procura do caminho do Odisseu (Ulisses) nem nas memórias dos Lacedemônios (espartanos) se você não procurar encontrá-los em seu coração. A fantasia se refere a uma sensação fruto da imaginação, tanto reprodutora quanto criadora. Vive-se a fantasia do mito não com a inteligência, mas com o coração. Precisa ser um pouco grego para entender isso de forma adequada. O vigor do mito só pode ser desfrutado pela sensibilidade do coração".

Para Platão a fantasia é uma imagem fora da realidade. A mitologia é secularmente vista como a origem da psicologia de auto-ajuda. Durante séculos os seres humanos usaram mitos, contos de fadas, lendas e folclore para explicar os mistérios da vida e torná-los suportáveis, desde o porquê as estações do ano mudam, até o enigma da morte, passando por complexas questões de relacionamento. No cristianismo, que não é um mito, Jesus explicou os seus ensinamentos por meio de parábolas, dando aos seus seguidores problemas difíceis sob uma forma fácil de compreender. Platão transmitiu conceitos filosóficos obscuros através de mitos e alegorias simples.

É comum ao ser humano abrigar mitos em seu coração, como felicidade, amor, justiça, coragem, poder. Filosoficamente, as crenças e os arquétipos existenciais, tudo passa pela fantasia do mito. Nosso espírito, embora alguns até possam discordar, está generosamente povoado de mitos. As religiões, todas elas, têm mitos em suas formulações originais.

Nesse contexto, o mito torna-se a projeção de uma energia otimizada, com traços supra-naturais, supervenientes às nossas fraquezas e limitações. O homem sempre se agarrou nos mitos para obter impulso a fim de suplantar as vicissitudes de sua vida. O jogador Pelé, por exemplo, tornou-se um mito do esporte, na medida em que foi assim entronizado pelos que não conseguiram jogar futebol como ele. Neste caso, a figura dos super-heróis vêm em socorro da carência humana.

Na antiga medicina hinduísta, quando alguém, com dificuldades mentais ou emocionais, consultava um médico, e este lhe prescrevia uma história sobre a qual meditar, com isso ajudando o paciente a encontrar sua própria solução para o problema. Muitas vezes é o nosso pensamento linear, racional e obcecado com as causas, que obscurece o sentido mais profundo e a resolução dos dilemas da vida.

Na maioria das vezes, o termo mito refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas que, organizados, constituem uma mitologia, por exemplo, a grega e a romana. A partir dessas constatações, vemos que todas as culturas têm seus mitos, alguns dos quais são expressões particulares de arquétipos comuns a toda a humanidade. Por exemplo, os mitos sobre a criação do mundo repetem alguns temas, como o ovo cósmico, ou o deus assassinado e esquartejado cujas partes vão formar tudo que existe. No mito ocorre o entrelaçamento com a fábula, o conto de fadas, a lenda, a saga, e até a história. A ciência moderna nos revela que o símbolo é um elemento primordial no processo da comunicação.

O termo símbolo, com origem no grego symbolon, designa um elemento representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível), que tanto pode ser um objeto como um conceito ou idéia, determinada quantidade ou qualidade. Nessa perspectiva, o símbolo é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo quotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano.

Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.). A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo como o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consegue fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objeto ou idéia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual. No decorrer deste trabalho poderemos ver que o estudo dos mitos, dentro de algumas perspectivas, como da psicologia junguiana, por exemplo, é fundamental para que o ser humano se conheça a si mesmo. As diversas configurações simbólicas tratadas na obra dos grandes psicanalistas, sejam elas da mitologia grega, literárias, ou nitidamente cientificas, representam símbolos originais do processo de individuação.

O símbolo pode lançar luz tanto sobre o desenvolvimento psicológico do indivíduo, quanto sobre os complexos problemas sociais da cultura atual. Mais adiante entraremos na conceituação de arquétipo. Na Mitologia grega há, por exemplo, os mitos de Édipo, de Narciso e da Esfinge. ("decifra-me ou te devoro"). Esse dualismo se encontra na maioria das religiões. Só quem decifra o mistério é capaz de penetrar no contexto da doutrina.Os mitos têm a misteriosa capacidade de conter e transmitir paradoxos, permitindo-nos ver, em volta e acima do dilema, o verdadeiro cerne da questão.

Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais e qualquer outra coisa a que explicações simples não são atribuíveis. Mas nem todos os mitos têm esse propósito explicativo. Em comum, a maioria dos mitos envolvem uma força sobrenatural ou uma divindade, mas alguns são apenas lendas tradicionais, passadas oralmente de geração em geração.

As perguntas primeiras, porém, perduram: afinal, o que é mito? Mito, mythos, no grego, na verdade, não é fácil defini-lo academicamente. É mais fácil empregar o método comparativo para compreendê-lo. Mesmo assim vamos tentar, vê-lo como um relato fabuloso de caráter mais ou menos sobrenatural ou sagrado. Nas culturas em que seu estudo é ativo, o mito serve de referência, justificativa ou paradigma (modelo). Há quem diga que mito é um relato cujas origens foram esquecidas ou, por fim, a história, não-científica do pensamento primitivo de um povo.

O mito faz parte de um jogo de perguntas e respostas, ele responde aos por quês do homem de todas as épocas: "Por que o sol nasce e se põe?", "Por que há maldade no mundo?". "O que é o ser?". Apesar do mito apresentar uma explicação atualmente encarada como fantástica e ilusória, não há como negar sua forte carga de imagens, símbolos e alegorias capazes de penetrar na mente humana, justificando sua apropriação pela psicanálise. Segundo os estudiosos, o mito pode ser entendido como um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas. Por detrás da formulação de um mito sempre vamos encontrar alguma referência a um estado de necessidade do ser humano. O homem se fortalece a partir dos seus mitos.

Ao tentar entender esse sentimento, que trava uma batalha entre o bem e o mal, o homem cria mitos e histórias que fascinam e o exaltam. A adição do mito ao contexto da existência humana torna-se pretexto para a eleição de algo superior, um socorro, um esteio. O mito assume assim o papel de uma ferramenta psicológica e afetivamente saudável, plena de objetivos de valor e de sentido. O mito ajuda o homem a delinear um sentido para a sua vida.

A mitologia é secularmente vista como a origem da psicologia de auto-ajuda. Acontecimentos históricos podem se transformar em mitos, se adquirirem uma determinada carga simbólica para uma certa cultura. A partir dessas constatações, vemos que todas as culturas têm seus mitos, alguns dos quais são expressões particulares de arquétipos comuns a toda a humanidade. No mito ocorre o entrelaçamento com a fábula, o conto de fadas, a lenda, a saga, e até a história.

O mito, além de acomodar e tranqüilizar o homem em face de um mundo assustador, dando-lhe a confiança de que, através de suas ações mágicas, o que acontece no mundo natural depende, em parte, dos atos humanos, ele também fixa modelos exemplares de todas as funções e atividades humanas. O mito, portanto, é uma "primeira fala sobre o mundo", uma atribuição primeira de sentido ao mundo, sobre a qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade, mas acomodar o homem a seu ambiente e ao mundo.

Na verdade, há milênios o homem cria seus mitos, seus deuses, que refletem, (até hoje) a sua própria natureza, os sentimentos interiores, medos, desejos mais profundos, sempre acrescidos por elementos que remetem a existência à imortalidade, ao prazer e a satisfação de cada sentimento e emoção (humana), que se torna divina. Os mitos, as histórias criadas pela tradição ou pelo imaginário popular, são em sua maioria de caráter atemporal, acontecimentos e personagens misturam-se sem o cuidado de datas e seqüências. O mesmo acontece com o inconsciente humano, que também age de tal forma, resgatando passados, confundindo-se com o presente.

Culturalmente, o mito é sentido e vivido antes de ser inteligido e formulado. Assim, ele é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa. A despeito de algumas correntes tentarem reduzi-lo a simples conjunto de lendas, há no mito toda uma potencialidade universal. Poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe no mito, buscando apenas a ilusão que o mesmo contém.

O mito não aponta para nenhum tipo de idolatria ou heresia contra as crenças tradicionalmente reveladas. Apenas mostra a liberação, através da fantasia, dos desejos e questionamentos que habitam a alma humana.

Os filósofos falam em "primeiros princípios". Eles traduzem a origem de uma instituição, de um hábito, a lógica de uma saga, enfim, traduzem a dinâmica de um encontro. Na expressão de J. W. Goethe († 1832), os mitos são as relações permanentes do subconsciente da vida humana.

Antônio Mesquita Galvão - Filósofo e escritor

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um Pouco de Poesia


Caros amigos leitores, como vão?

Sei que alguns ficaram preocupados comigo, outros decepcionados, cada um com seu sentimento... de qualquer forma, quero me desculpar pela minha ausência! Várias situações me afastaram do meu caminho, que é compartilhar conhecimento com todos que passam pela minha vida, próximos... ou não!!!!

Bem, mas o que importa mesmo, é que voltei! Ainda não sei... se tão forte quanto antes... ou mais!

Para me desculpar com vocês, e aquecer os motores do meu cérebro... segue uma linda poesia de Pablo Neruda - É PROIBIDO... vocês entenderão um pouco, do que se passou comigo, e não desejo que aconteça mais... e que eu possa passar um pouco do meu aprendizado, para cada um de vocês...

Um beijo no coração iluminado... de cada um de vocês que me acompanha... de perto... ou de longe!!!! Fiquem na paz de Deus!!!

É PROIBIDO - Pablo Neruda

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.