terça-feira, 16 de outubro de 2007

Crise de ex-fumante


Não sou doutora, nem fiz mestrado. Não defendi tese. Não sou médica, muito menos especialista em saúde. Apenas sou ex-fumante, ou melhor, tento me manter como!

Você pode estar se perguntando: então o que esta louca quer? E terá razão em me chamar de louca, mas estará enganado, se pensar que não tenho nada de útil para dizer.

Sofro do mesmo problema que milhares de pessoas sofrem: dificuldade em me desvencilhar de um vício, que já virou tumor social, gerando uma discriminação tão preconceituosa quanto qualquer outra, mas não tão positiva, e portanto gerando pouca preocupação por parte de antropólogos, sociólogos, psicólogos, ou qualquer profissão importante que termine em ólogos.

Simplesmente é errado fumar, e se esquecem do quanto este ato já foi super-valorizado. Dizem que faz mal à saúde física, mas nem se lembram dos resultados que geram no equilíbrio emocional.

Uma das razões, que percebo ser causa da dificuldade de se manter ex-fumante é a impotência. O sentimento de impotência gera paralisia mental e vontade de desistir de tudo. Em maior grau, o indivíduo se suicida, em menor grau o indivíduo se suicida... A diferença está na velocidade do desejo de se suicidar. Um se dá um tiro, o outro fuma, mas ambos se matam, pois se sentem incapazes de agir no meio para obterem algo que desejam muito.

Freud fala da fase oral, que se entendo bem o que ele queria dizer, é a volta do indivíduo à uma fase em que ele sentia prazer. Ora quem quer sentir prazer de forma infantil? Alguém imaturo, como dizem os psicólogos, ou alguém maduro que não consegue resolver um problema aparentemente simples. Sem querer ser chata, novamente damos de frente com a impotência.

Qualquer fumante diz que fuma para se acalmar, ou porque não tem o que fazer com as mãos. Todos sabem que o cigarro acalma num primeiro momento, mas vicia porque gera ansiedade, logo todo fumante é burro, principalmente quando ele não sabe o que fazer com as mãos. Errado de novo, na verdade ele se sente impotente e verbaliza que não sabe o que fazer com as mãos, mas ele, simplesmente, não sabe o que fazer...

Sou ex-fumante, e você poderia me dizer: Parabéns! E estaria errado, pois será que deixamos de ser fumantes algum dia? Não sei, mas desejo que a resposta seja sim. Porém, toda vez que me sinto impotente, lá vem a vontade de fumar...

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