quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Sentença Justa


Certa vez, um homem pobre parou ao meio-dia para descansar em baixo de uma árvore, sob uma bela sombra. Pelo jeito ele vinha de uma longa caminhada, sem um tostão no bolso, pois vivia de esmolas; para almoçar, apenas um pedaço de pão velho.

Do outro lado da rua, havia uma padaria que distribuía pelo ar o maravilhoso aroma dos deliciosos pães quentinhos, pastéis e bolos.

O homem, enquanto mascava seu pedaço de pão velho, suspirava de prazer ao sentir o aroma que vinha da padaria. Quando o homem se levantou para seguir caminho, subitamente, o padeiro saiu correndo do seu estabelecimento, atravessou a rua furioso e agarrou o homem pelo colarinho.

Gritava o padeiro: - Espere aí, você tem que pagar pelo que levou!

O homem espantado, respondia:

- O que é isso seu maluco, eu nem relei nos seus pães! O padeiro berrava:

- Seu ladrão, é óbvio que você aproveitou seu pão velho bem melhor, sentindo o delicioso aroma que saía da minha padaria. Você não sai daqui, enquanto não pagar pelo que levou. Eu não trabalho à toa, seu… vag… Você tem que pagar pelo que levou seu…vag…

Na rua, entre a frente da padaria e a árvore, começou a se formar uma multidão de pessoas. Nesse momento alguém gritou:

- Vamos levar esse caso para ser resolvido com o juiz local. Ele é um homem sábio e saberá exatamente a sentença a ser decretada.

O juiz ouviu os argumentos do padeiro, analisou e depois decretou a sentença:

- Você está certo, este homem, sem pedir sua autorização, saboreou os frutos do seu trabalho. E o valor que ele deve reembolsar para você, pelo consumo do aroma dos seus pães, pastéis, bolos, etc. são catorze moedas de ouro.

- Isso é um absurdo, esbravejou o homem, além disso, não tenho um único centavo no bolso, quanto mais moedas de ouro. Disse o juiz:

- Ah… Nesse caso, vou ajudá-lo. O juiz tirou as catorze moedas de ouro do bolso, nesse momento, o padeiro, com aquele olhar de superioridade e com toda a arrogância do mundo, olhou para o homem pobre, sorriu e logo avançou para pegar as moedas das mãos do juiz. Disse o juiz:

- Calma, espere que ainda não encerrei o caso. Você me disse que esse homem, somente sentiu o aroma dos seus pães, pastéis, bolos, etc. não é mesmo?

- Sim, isso mesmo. Respondeu o padeiro.

- Mas ele não engoliu nem um pedacinho?

- Já lhe disse que não, senhor.

- Nem provou nem um pastel?

- Não!

- Nem relou nos pães e nos bolos?

- Não!

- Então, já que ele consumiu apenas o aroma, você será pago apenas com o som dessas moedas. Abra os ouvidos para receber o que você merece. O sábio juiz jogava as moedas de uma mão para outra, fazendo aquele barulhinho característico das moedas de ouro, bem perto das gananciosas orelhas do arrogante padeiro. O juiz continuou decretando a sentença:

- Se você tivesse o mínimo de bondade em seu coração, ao invés da ganância, certamente ajudaria esse pobre homem, ao vê-lo mastigando um pão velho. Entretanto, na verdade, você deveria ter levado para ele um dos seus pães novinhos e cheirosos, talvez até mesmo aquele pão que no final do dia iria sobrar, aquele que você não venderia. Se assim você agisse, certamente, você até ganharia recompensas muito maiores que qualquer moeda de ouro, e não essa recompensa boba que você está querendo aqui na minha frente. Você ganharia grandes recompensas da vida, aquelas que valem mais do que ouro, e até a recompensa mais linda do mundo, a de Deus.

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